9 de junho de 2008

Estrada Parque é uma unidade de conservação criada em 1993





A Estrada Parque é uma unidade de conservação de uso direto, reconhecida pelo Governo do Estado, no ano de 1993. É composta pelas rodovias estaduais de terra MS-184 e MS-228, e pelo seu entorno imediato de 300 m de cada lado da estrada. São cerca de 120 km de extensão, iniciando no trevo da BR-262 (Buraco das Piranhas) e voltando a se interligar com a mesma rodovia, após a morraria do Urucum.
Corta dois rios.

O Miranda (foto acima), no Passo do Lontra, a 7km da BR-262, e o rio Paraguai, onde a transposição é feita por balsa. Em todo o trecho, são mais de 100 pontes de madeira, necessárias para a vazão das águas das cheias que ocorrem no Pantanal, nesta época do ano.

Ao longo da estrada distribuem-se diversos hotéis, pousadas, campings e pesqueiros, que oferecem opções de pesca, passeios de barco e de observação de natureza, além de restaurantes, postos de combustível e vilarejos onde se concentram famílias de pescadores.

O trajeto obedece uma antiga estrada boiadeira, aberta no início do século passado pela linha telegráfica, obra do Marechal Cândido Mariano Rondon. É sempre possível observar uma comitiva de gado se deslocando para leilões ou para áreas mais altas, onde há mais pasto e a cheia do Pantanal não ameaça o rebanho.

Quem atravessa a unidade desfruta de paisagens bem diferentes: de serras e campos, de corixos ao caudaloso rio Paraguai, além das áreas de inundações sempre repletas de aves, capivaras e jacarés. A região é, de fato, perfeita para a observação de animais.

A Estrada

Nas proximidades de Corumbá, no sentido oeste-leste, as diferentes colorações do solo ao longo do leito da estrada chamam a atenção. Entre a localidade de Lampião Aceso (BR-262) e a base de pesquisa da UCDB (Fazenda Banda Alta), observa-se um solo calcário, de coloração esbranquiçada. Foi esta coloração que fez a cidade ser conhecida como Cidade Branca.

Entre a Banda Alta e a morraria do Urucum, a estrada corre sobre um longo leito ferroso, de coloração fortemente avermelhada, que se estende deste ponto até o outro lado do Morro Grande, adentrando a planície pantaneira, próximo à bifurcação da saída para o distrito de Albuquerque.

Nesse trecho, a estrada é vermelha, repleta de cascalho solto e pode se observar na lateral inúmeras árvores de sirigüela, fruta rica em vitamina C, que na primavera e no verão oferecem uma atração à parte. Uma das maiores atrações da Estrada-Parque, no entanto, é a possibilidade de se observar vários animais em seu habitat natural. Tal facilidade decorre de o Pantanal ser um bioma caracterizado por áreas abertas, com predominância de elementos de campos e cerrados.

Ao longo do Morro Grande a estrada é sinuosa, devendo ser percorrida devagar. Aqui a vegetação se transforma em mata semidecídua (que perde parte das folhas na estação seca) de porte mais elevado e mais densa, e se pinta de um roxo vivo entre os meses de maio e junho, com a floração dos ipês roxos, localmente chamados de piúva. Neste trecho já é possível observar alguns animais, como macacos-pregos, bugios, cotias, porcos-do-mato e muitas aves.

Do alto do morro pode-se ter uma vista privilegiada da extensa planície de inundação.

Tucanos, araras, gralhas e várias outras espécies de aves são comuns entre as árvores, onde também estão os macacos. No solo, andam as cotias, tapitis, teiús e outros bichos.Na região do trevo de Albuquerque, as piúvas estão presentes numa grande concentração, formando um corredor que a estrada percorre entre o trevo e a primeira aponte, já entrando, propriamente, na planície. Na época de floração (maio a julho), o espetáculo que se vê é inesquecível.

No percurso em solo pantaneiro, as chances de observação de animais aumentam consideravelmente. Tuiuiús, garças, socós, cabeças secas e biguás começam a aparecer junto com os bugios, tamanduás, jacarés e capivaras. Às vezes, é preciso parar o carro para espantar um bando de capivaras!

A primeira ponte está sobre um belo corixo, curso d’água típico da região. Deste trecho até o rio Paraguai, no Porto da Manga, é uma área de alta inundação. Aqui, a presença constante de água ao redor da estrada, na forma de baías, corixos e vazantes é marcante. Este ambiente oferece boas condições de observação de animais, inclusive alguns mais caros, como iraras, as lontras e onças pardas.

Na ponte do Córrego Sarã é possível, com alguma sorte, contemplar as lontras nadando e se alimentando à vontade. Mutuns, arancuãs e jacutingas, aves raras da fauna brasileira, também podem ser vistas com certa facilidade neste trecho.

O Pantanal possui 263 espécies de peixes identificadas pela Embrapa. Ao longo da estrada, é possível observar uma grande variedade delas nos corpos d‘água acessíveis. Na época de cheia, geralmente entre fevereiro e junho, as águas tendem a ser mais limpas e a observação dos peixes é mais fácil. No período seco, as águas podem ficar mais turvas, impossibilitando visualização.

No Porto da Manga, um destaque é a casa construída pelo Marechal Rondon, inaugurada em 1903, quando o explorador implantava a linha telegráfica, ligando Corumbá e o Forte Coimbra a rede nacional.

Ainda nesta localidade existem casas, pequenas mercearias, hotéis, pousadas, restaurantes e telefone público. É um local apreciado e muito freqüentado por pescadores amadores do Brasil inteiro.

Depois do rio Paraguai, a estrada entra num solo arenoso, típico do Pantanal da Nhecolândia, e que se estende até a margem direita do rio Miranda, no Passo do Lontra. Neste trecho, a estrada atravessa os rios Negro e Abobral, além de vários corixos e vazantes, alguns temporários e outros perenes.

O sistema de drenagem natural desta área é complexa e a paisagem pode se modificar sensivelmente em pouco tempo, dependendo da quantidade de água que esteja chegando ou vazando. É muito freqüente encontrar capivaras e jacarés no meio da pista de rodagem, ou às margens dela.

Cervos do Pantanal também são muito comuns e o observador mais atento pode encontrá-los nos campos próximos à estrada. Este é um local, portanto, propício para a procura e observação de fauna, podendo tornar-se um dos destinos mais procurados do Pantanal com a devida infra-estrutura, como sinalização e bons serviços.


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